Cordel sem métrica
A literatura de cordel basicamente se sustenta em três pilares: rima, métrica e oração. faltando um só deles que seja, o cordel acaba por perder a sua característica. Muitos cordelistas vão surgindo a cada dia por esse Brasil afora. Alguns descobrem o cordel e imediatamente se apaixonam por sua forma, sentindo o desejo de também escrever algo do gênero, no entanto poucos buscam o conhecimento técnico necessário para poder escrever corretamente, de acordo com as regras que o gênero possui.
Dessa forma, seguem escrevendo à sua maneira, imprimindo os folhetos em casa mesmo, pelo fato de ter uma boa impressora, o que não resulta em um grande gasto com a impressão e tornando mais fácil e prático o seu trabalho. Depois de pronto, começam a presentear amigos e parentes com o seu folheto de cordel, recebendo, é claro, muitos e muitos elogios e incentivos para que continuem com essa atividade.
Depois de algum tempo, com diversos cordéis editados e distribuídos, passam a se sentir "o rei do cordel " na cidade, acreditando alcançar um status de celebridade. Então, um certo dia, por obra do destino, acabam se deparando com um outro cordelista, só que este se trata de um autor que domina as técnicas do cordel e já possui uma experiência considerável. Esse profissional, vendo a deficiência na escrita, resultante de alguns conceitos básicos, procura, de certo modo, alertar o autor, de forma amistosa e em forma de conselho, principalmente sobre a métrica, que apresenta diversos deslizes, pois todo bom profissional neste gênero, devido à sua experiência, entende que tudo é um processo de aprendizagem até por já ter passado pela mesma fase, então busca de certa maneira explicar sem desmotivar a pessoa.
Muitos, felizmente, ainda possuem o desejo de aprender com quem sabe mais, aproveitando a oportunidade, agradecendo a dica e assim vão se desenvolvendo e encontrando seu caminho, mas, por outro lado, há indivíduos que recusam o conhecimento por acharem que, no cordel, cada um tem a liberdade de escreve do seu jeito ou como achar melhor.
Infelizmente, também, é cada vez mais comum ouvir desses cordelistas que as observações do outro, na verdade, são frutos da mais pura inveja de seus trabalhos e que esse negócio de métrica pouco importa. São corriqueiras alegações do tipo: “Mas isso engessa o cordel”, “A métrica só me atrapalha a se expressar melhor”. Entretanto, o cúmulo vem da máxima “Chega dessa história de métrica, afinal de contas, o cordel precisa evoluir.
Vale aqui ressaltar que os três pilares citados acima são obrigatórios na estrutura da literatura de cordel, contudo o cordel não se resume apenas a isso, pois existem outros elementos tão importantes quanto esses na construção de um bom cordel. Agora, deixo aqui uma pergunta para o leitor: “A ausência da métrica resultaria em um cordel melhor?”
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Caros amigos e amigas, um texto rimado sem métrica pode até se inspirar na linguagem ou nos temas da literatura de cordel, mas tecnicamente não se enquadra nesse gênero. O mais adequado seria chamá-lo de prosa poética, poesia livre ou outro nome, mas nunca de cordel.
ResponderEliminarConvivi pessoalmente com Minelvino Francisco, um dos grandes mestres do cordel, e sei da importância de reconhecer quem construiu essa estrada. É verdade que devemos ter cuidado com as críticas, mas considero este um debate necessário e enriquecedor para fortalecer nossa literatura de cordel. Parabéns pela reflexão.
ResponderEliminarPenso que se as regras de um gênero já estão esclarecidas, há de serem seguidas. A métrica é uma delas na estrutura do cordel. Ninguém é obrigado a escrever cordel, mas, se escolhe o cordel, precisa se enquadrar em suas regras. Isso é importante para preservar o gênero.
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