A PRECIFICAÇÃO VALORIZA A LITERATURA DE CORDEL?
O folheto de cordel tem sido comumente divulgado em grande parte do país, em especial, no Nordeste brasileiro, por meio da impressão adotada no formato tradicional: o tamanho (11X15) e com a popular “capinha” apresentada nas cores: verde, amarelo, azul, branco e rosa. Há tempos o folheto costuma ser divulgado na mídia por um preço barato, incrivelmente acessível, mas de certo tempo para cá, alguns cordelistas têm pregado a valorização de sua literatura por meio de algumas atitudes, dentre elas, a urgente necessidade do aumento dos preços. Segundo esses, um aumento no valor dos tradicionais folhetos atribuiria ao cordel um “preço justo”, resultando em um processo de valorização. Pode-se tomar como exemplo o simples fato de que folhetos vendidos costumeiramente por R$ 5,00 a unidade são um sinal da completa desvalorização de um cordel de 8 páginas. Ao ver desses autores, o preço estabelecido deveria ser, no mínimo, R$ 10,00.
Outra atitude necessária seria a abolição do uso de papel sulfite simples para a confecção da capa, além do abandono do papel jornal na constituição do “miolo”. Há a necessidade do emprego de materiais de melhor qualidade para provocar uma valorização do produto e, dessa forma, atrair novos olhares para esse tipo de literatura. Há outros ainda que consideram que a disposição do cordel mais amplo em um formato maior e com mais paginas, por volta de 14X21, acompanhado de um papel impresso de melhor qualidade e uma capa feita em papel couché, por exemplo, estarão justificando um valor de custo mais elevado, contudo, por outro lado, ainda não seria considerado um fator de valorização da literatura de cordel. Outros cordelistas defendem a criação de um bom enredo, a manutenção da métrica perfeita, a qualidade das rimas exatas e a construção de uma oração impecável como elementos de real valorização do gênero.
Um cordel de qualidade, independentemente do papel impresso, quando bem escrito, apresentando um bom título disposto em uma capa bem ilustrada, que chame realmente a atenção do leitor será sempre valorizado, mas é claro que tudo isso, em um papel de qualidade, agrega valores ao produto final. Capas coloridas chamam mais a atenção de leitores que ainda não conhecem o cordel, mas vale ressaltar que a tal melhoria do papel impresso, elevando a um alto custo de impressão, pode ter sido um dos principais motivos de uma grande editora do gênero decretar praticamente o fim de suas atividades, pois “uma coisa é o preço que você quer vender, a outra é o preço que o leitor está disposto a pagar”.
Cabe lembrar que grande parte dos cordelistas, que costuma fazer tiragens com uma média de 100 exemplares por título (pouquíssimos superam em muito esse número), ultimamente têm questionado a respeito da dificuldade de escoar a sua produção no decorrer de um ano, procurando encontrar respostas para a falta de valorização e interesse por sua arte.
Esses foram apenas alguns, talvez os mais recorrentes, entre tantos outros questionamentos que povoam a mente dos cordelistas espalhados pelo nosso Brasil e, por isso, diante deles, convido o leitor a deixar nos comentários qual a sua visão do que realmente valoriza a literatura de cordel.
Acho que o mesmo cuidado que se tem na escolha de materiais para confecção se livros deve-se ter para a confecção de cordéis. Temos que usar papéis bons que não absorvam umidade, amarelem e colem com o tempo, tampouco grampos que enferrujam e etc. Quanto a precificação minha opinião não se limita apenas ao cordel e sim a todas as produções literárias: O preço deve ser democrático e ao mesmo tempo tem que atender a valorização do trabalho artistico e o esforço intelectual do autor. É preciso um ponto de equilíbrio, ou seja, nem um preço barato demais e nem uma hipovaloração do trabalho limitando o público e elitizando a literatura.
ResponderEliminarAbraços, Vivi Lissek.
Leia-se hipervaloração
ResponderEliminarConcordo demais com a escolha de um material de melhor qualidade na produção dos cordéis, bem como, estabelecer um preço melhor, pois tem muitos cordelistas bons que se dedicam tanto e sets trabalhos não são reconhecidos e valorizados.
ResponderEliminarBoas colocações. Concordo, sobretudo no cuidado com a produção gráfica dos cordéis. O uso de impressão jato de tinta em alguns exemplares, por exemplo, é complicado, pois se cai uma gota dágua a tinta mancha, o texto borra.
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